Fé e Caridade, um pouco da sua História
A história do Centro Espírita Fé e Caridade teve seu início legal na Terra em 20 de janeiro de 1912. Entretanto, a casa já havia sido fundada em 20 de janeiro de 1908 no Mundo Espiritual. Para concretizar esse projeto, o Mundo Espiritual contou com a colaboração do casal João Monteiro e Maria Monteiro. Ambos se encontravam preparados para a tarefa e deram início às atividades imediatamente, consolidando os fundamentos em dois pilares fundamentais: divulgação da Doutrina Espírita e Socorro Espiritual.
O primeiro livro a ser estudado foi o Evangelho segundo o Espiritismo, doado ao Centro por um de seus freqüentadores. Era um tempo muito difícil para o Espiritismo nascente no país e em Juiz de Fora, o que tornava a tarefa de seus fundadores mais árdua. Somente em 1916 regulamentou-se a lei de liberdade religiosa com base na Constituição Federal de 1891. Até esta data, os Centros Espíritas tinham que obter permissão de funcionamento junto à polícia e por ela eram vigiados.
A literatura espírita era pouca, a maioria dos livros vinha da Europa, escritos em francês, inglês ou italiano e, no Brasil, pequenas eram as publicações. Os direitos de tradução dos livros tinham de ser obtidos na Europa, o que obrigava que alguém fosse até lá para obtenção dessa autorização.
Paralelamente a essa adversidade, o país tinha pouca alfabetização e surgia entre a população o aumento dos cultos religiosos de origem africana, expondo a mediunidade de uma maneira indisciplinada, confundindo a crença das pessoas sobre a identidade do Espiritismo. Isso refletia no Fé e Caridade, pois muitas obstruções sociais e morais foram criadas, tentando impedir os trabalhos do Centro. Muitas curas eram realizadas e a tal ponto incomodou a sociedade da época, sobretudo a classe média, que acabaram por tramar o assassinato de João Monteiro, ocorrido em 06 de Janeiro de 1925. Dona Maria Monteiro continuou os trabalhos do Centro, com sua mediunidade ativa sob a luz de Jesus. De suas mãos, o Diretor Espiritual do Fé e Caridade - Januário da Glória - psicografava receituário homeopático para as pessoas se curarem ou traçava orientações espirituais diversas. Durante o dia, do meio-dia às dezesseis horas, esse trabalho era feito de segunda à sexta-feira. Às noites eram as reuniões mediúnicas de socorro espiritual. Por conta do receituário, o clero e a classe médica fizeram acusações na polícia contra D. Maria Monteiro, que esteve presa por um dia, sendo liberada sob a condição de não mais retornar àquelas atividades, o que certamente não ocorreu.
Semanalmente a casa recebia pessoa de todos os lugares, passando mal, sem esperança, perturbadas, amarradas e algum tempo depois passaram as ser trazidos pela própria polícia, a fim de “curar” os acometidos por obsessão. O Centro não possuía sede própria e esteve funcionando em alguns bairros de Juiz de Fora, como São Mateus, Cerâmica, Vitorino Braga, na Rua Osório de Almeida, nº 117 e atualmente na Rua Paraná, nº 119.
Dona Maria Monteiro conseguiu comprar dois terrenos no Poço Rico, na esquina com Rua Pinto de Moura. Ela desencarnou em Julho de 1950 e deixou para aqueles que ficaram a incumbência de levantarem o prédio, o que se concretizou em 1961, com a finalização do salão.
O Fé foi pioneiro em muitas atividades doutrinárias, no campo do estudo, da música, da integração no Movimento Espírita na cidade e região. Seus trabalhos abrangem quase todos os atuais setores de ação na estrutura de uma Casa Espírita.
Mantém ainda um grau de excelência no campo do socorro espiritual, da cura e da divulgação doutrinária, considerado com grande respeito e admirado pelos seus mais de 100 anos!